Revisitando meu blog, a fim de fazer a reescrita das postagens, não pude deixar de refletir sobre a escrita de 5 de dezembro de 2017, referente ao filme "Como estrelas na terra". Nela faço um paralelo da história do menino Ishaan, que apresenta um quadro de dislexia não identificado pela família e nem pela escola, com um aluno da minha escola. Um aluno que não fala, que não interage, que não apresenta reação ou expressão as coisas e/ou pessoas a sua volta.
Na condição de professora substituta, tenho entrado seguidamente nesta turma, hoje de 6º ano, para substituir a falta do professor de Educação Física.
Como não sou professora de Educação Física, portanto não sou habilitada para tal, proponho atividades simples de acordo com o interesse de cada grupo, tais como: futebol, volei e jogos de mesa (ping pong, baralho, uno e damas).
Desde o início deste ano, a fala dos professores continua sendo a mesma em relação ao aluno. Ou seja, que continua igual, que nada mudou.
Entretanto, vale ressaltar que tanto a escola quanto a família, não fizeram nada além do que já haviam feito. Ou seja, a situação continua a mesma.
Porém, outro dia no pátio, um outro aluno veio correndo espantado me chamar para mostrar que "ele" estava jogando futebol na quadra junto aos demais, e que ainda jogava um bolão.
Fiquei feliz, assim como os colegas. Então propus um diálogo com ele, mas não aconteceu. Permaneceu quieto.
Em outro momento, um grupo jogava cartas(baralho), e eis que me deparo com "ele" junto ao grupinho jogando. Não me contive e fiquei por perto observando. Em um dado momento percebo que ele protege seu jogo para que os colegas não vejam. Então eu faço uma brincadeira chamando a atenção para a malandragem dele em relação ao jogo e aos colegas. Ele vira o rosto para eu não ver e dá uma risadinha meio desconfiada e tímida. Achei o máximo, achei emocionante,pois, para alguém que não expressa praticamente nada, é um grande progresso. Considerando que em ambas as situações ele participou dos jogos sem fazer interação dialógica com ninguém.
Neste sentido, concordo com a história do filme quando mostra a importância do professor em enxergar pequenas possibilidades e/ou meios para trabalhar com as diversas demandas com as quais nos deparamos diariamente.
Portanto, continuo concordando com a postagem inicial sobre este tema, quando escrevo sobre a importância do olhar atento, do olhar observador, investigador e da sensibilidade do professor, para com a pluralidade que compõem uma sala de aula, bem como as particularidades de cada aluno.
É fundamental aceitar os alunos como eles realmente são.
Hoje, percebo este aluno com uma característica singular, com uma individualidade que deve ser reconhecida, aceita e respeitada. Cabendo a escola e ao professor reconhecer seu papel de mediador para com todos os alunos, devendo esta mediação ser desprovida de preconceito, estigma e exclusão.
Hoje, percebo este aluno com uma característica singular, com uma individualidade que deve ser reconhecida, aceita e respeitada. Cabendo a escola e ao professor reconhecer seu papel de mediador para com todos os alunos, devendo esta mediação ser desprovida de preconceito, estigma e exclusão.
Segundo Carvalho, Araújo (1998, p.44)
“[...] a escola precisa abandonar um modelo no qual se esperam alunos homogêneos, tratando como
iguais os diferentes, e incorporar uma concepção que considere
a diversidade tanto no âmbito do
trabalho com os conteúdos escolares quanto no das relações interpessoais.”
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