segunda-feira, 16 de abril de 2018

Comênio, o pai da didática moderna


Comênio


       Comênio, filósofo tcheco combateu o sistema medieval, defendeu o ensino de "tudo para todos" e foi o primeiro teórico a respeitar a inteligência e os sentimentos da criança.
       Sem dúvidas, Comênio era um homem a frente de deu tempo. Quando falamos em direito à educação para todos, somos conscientes que este é um princípio que só surgiu há algumas dezenas de anos. Entretanto, elas já eram defendidas em pleno século 17 por Comênio (1592-1670), o pensador tcheco que é considerado o primeiro grande nome da moderna história da educação.
       Na sua obra mais importante, Didactica Magna, Comênio marca o início da sistematização da pedagogia e da didática no Ocidente.
       No livro, o pensador realiza uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria didática até as questões do cotidiano da sala de aula. A prática escolar, para ele, deveria imitar os processos da natureza. Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as possibilidades e os interesses da criança. O professor passaria a ser visto como um profissional, não um missionário, e seria bem remunerado por isso. E a organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos alunos quanto dos professores, de ter outras atividades.
       Comênio não foi o único pensador de seu tempo a combater o pedantismo literário e o sadismo pedagógico, mas ousou ser o principal teórico de um modelo de escola que deveria ensinar "tudo a todos", aí incluídos os portadores de deficiência mental e as meninas, na época alijados da educação, defendia o acesso irrestrito à escrita, à leitura e ao cálculo. Queria ligar pesquisa empírica (ciência), racionalidade filosófica e revelação religiosa para uma apreensão unitária, orgânica, integral da realidade. E queria tornar esse conhecimento acessível a todas as criaturas humanas. Ensinar tudo e todos – para que a humanidade se organizasse com os valores da fraternidade e da paz.
       "Esta perspectiva explica também a seriedade, com a qual Comênio abordou a questão educacional e a necessidade de dar uma educação a todos, homens e mulheres, de todos as classes sociais, de forma igual (Reble, 1987, p. 110)".
        Neste sentido, vale destacar quatro elementos importantes da pedagogia de Comênio que se fazem necessários nas escolas da atualidade: a consideração do aluno; o ensino igual para todos; o realismo do ensino e o bom relacionamento entre professor e aluno como fundamento para a aprendizagem.
        Comênio faz uma leitura cuidadosa e perspicaz de seu tempo. Percebeu que o bom professor não se faz em sala de aula com os métodos tradicionais de ensino. O bom professor é aquele que vive o seu tempo histórico-social, o registra e o leva para a sala de aula dando-lhe uma forma didática adequada para que os alunos aprendam de forma sistematizada o conteúdo e o constituam como parte de resposta aos problemas postos pela sociedade.


Referências:
https://novaescola.org.br/conteudo/184/pai-didatica-moderna-filosofo-tcheco-comenio

https://www.cartacapital.com.br/educacao/carta-fundamental-arquivo/o-pai-da-didatica








segunda-feira, 9 de abril de 2018

Pensando...Repensando...


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       Bem, não há como negar que o PEAD tem sido um curso enriquecedor em termos de conteúdo, conhecimentos, trocas de experiências e muitas aprendizagens diversas. 
       Entretanto, acredito que o mais importante é a motivação a respeito do pensar e repensar o nosso papel dentro da escola. Somos diariamente desafiadas a refletir sobre os nossos atos e nossas atitudes. Somos diariamente desafiados a tomar consciência daquilo que fazemos e deixamos de fazer. Somos diariamente desafiados a cumprir com a nossa função e a cobrar para que cada um cumpra a sua.
       Reflexão, palavra chave para pensar e repensar que toda ação tem uma reação.
       Nestes últimos tempos, tenho me percebido ainda mais reflexiva do que habitualmente sou. Digo isto em função das interdisciplinas, das leituras e das ricas trocas de experiências a que somos oportunizadas a compartilhar.
       Pensando conscientemente, posso dizer com toda convicção que a reflexão é uma das práticas indispensáveis e indissociáveis acerca do trabalho docente, assim como, a participação coletiva acerca das tomadas de decisões dentro da escola.
       Porém, também não há como negar que infelizmente ainda encontramos resistência e acomodação tanto nas decisões coletivas como nas mudanças de cunho epistemológicos. 
       Precisamos de mais práticas permanentes de reflexibilidade. Nesse sentido Nóvoa (1992), p. 13, defende que:

                                        [...] a formação não se constrói por acumulação (de cursos, de                                                    conhecimento ou de técnicas), mas sim através de um trabalho de                                                reflexividade crítica sobre as práticas e de (re)construção permanente                                          de uma identidade pessoal. Por isso é tão importante investir a pessoa                                          e dar um estatuto ao saber da experiência. 


segunda-feira, 2 de abril de 2018

Indisciplina


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       Diante de algumas situações de indisciplina ocorridas na escola, em especial uma que aconteceu em decorrência de uma saída de turmas ao cinema, onde após, uma aluna do oitavo ano agrediu verbalmente com palavrões e com gestos obscenos a diretora da escola. 
       Esta cena desencadeou uma série de comentários distorcidos e desenfreados não só dentro da escola, como também na comunidade.
Na tentativa de resolver esta situação, a direção conversou com a mãe e com a aluna, ponderando o acontecido e convencendo ambas que seria melhor uma transferência da aluna a fim de acalmar os ânimos e manter a ordem na escola.
       Hoje, olhando meu face, por acaso me defronto com um excelente artigo que aborda o tema indisciplina de uma maneira esclarecedora, reflexiva e de cunho democrático. Ou seja, bem ao encontro a tudo o que tenho tentado refletir e construir dentro da escola, um espaço mais participativo e democrático, onde as tomadas de decisões sejam a partir das discussões do coletivo diretamente envolvido. 
       Entretanto, concordo com a frase do artigo em que diz: "Para que não haja problemas sérios de indisciplina, é necessário que a escola se preocupe em construir a disciplina que deseja", ou seja, tudo é construção
        De acordo com o Professor e Diretor Claudio Neto, em suas experiências e vivências "escolas que não compreendem a necessidade de considerar a participação dos alunos tem enveredado pela via da repressão e do disciplinamento".
       "Em contrapartida, aquelas escolas que obtiveram êxito no processo de construção da cultura de paz foram aquelas que apostaram na participação dos alunos e da comunidade escolar", e cita alguns fatores do sucesso:

        - As  regras:
        Repactuar as regras com a participação dos alunos e da comunidade, começando dos direitos para depois tratar dos deveres, ainda que eles também sejam importantes. Este gesto sinaliza que a função da regra não se limita a restringir, mas garantir direitos também. 

        - A coerência:

        Zelar pelo cumprimento das regras é tão importante quanto estabelecer o que deve e o que não deve ser feito. Há coisas que devem ser feitas por todos da escola e não apenas pelos alunos. Pois, na maioria das vezes são as incoerências que inviabilizam a validade das regras no contexto escolar.

       - Os dispositivos de acompanhamento e solução de conflitos:


       Evidentemente não basta criar boas regras e nem considerar a participação dos alunos apenas no momento de elaboração delas. Estabelecer as maneiras de resolver os impasses e envolver os alunos nisso também é fundamental.
         - A impessoalidade da regra: 
       Parece redundante e óbvio falar em regra impessoal, mas entender isso é fundamental para o sucesso da construção da disciplina na escola. Afinal, nem toda obviedade é tão óbvia como parece ser, principalmente em uma organização plural como a escola. Nas escolas em que as regras não são claras, ou o desrespeito a elas é flagrante, os desfechos variam de acordo com as pessoas responsáveis em fazer a mediação e, principalmente com o humor dessas pessoas no momento da mediação. 
      Democracia e aprendizagem: 
      Os grandes fundamentos da cultura de paz na escola. O acesso ao conhecimento – bem cultural produzido social e historicamente pela humanidade e veiculado na escola – é a grande razão de existir dessa instituição e dos educadores.  Afinal, a aprendizagem é um fator organizador da disciplina e não o contrário. Onde, acesso ao conhecimento deve ser visto como parte do processo democrático na escola e não apenas a participação nos momentos de escolha e de decisão. Se isso for devidamente compreendido teremos a máxima que deve ser observada por todas as escolas: não basta à escola ser democrática, ela deve promover a democracia.
Referência:
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1964/como-construir-a-disciplina-e-o-clima-de-paz-na-escola ( acesso em 02/04/2018).
* Claudio Marques da Silva Neto é diretor da EMEF Infante Dom Henrique, em São Paulo. Tem experiência em direitos humanos, formação docente, cultura escolar, indisciplina, violência e gênero. É mestre e doutorando em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Indisciplina e Violência Escolar: dilemas e possibilidades.