Não poderia deixar de usar o título do maravilhoso texto de Isabel Alarcão, pois, descreve com clareza e convicção a necessidade de deixar-mos de ser somente professores que agem, para sermos professores que refletem e reagem diante das ações e convicções, que, no dizer do grande filósofo educacional americano John Dewey (\933), uma forma especializada de pensar implica uma perscrutação ativa, voluntária, persistente e rigorosa daquilo em que se julga acreditar ou daquilo que habitualmente se pratica, evidencia os motivos que justificam as nossas ações ou convicções e ilumina as consequências a que elas conduzem. Eu diria que ser-se reflexivo é ter a capacidade de utilizar o pensamento como atribuidor de sentido.
Portanto, acredito que sentido é a palavra chave, pois, de que adianta ser um professor transmissor de saber, se este saber não servir para nada, se não servir para aplicá-lo, se não servir para nos fazer ficar frente à realidade.
Como escrevi na primeira postagem, tenho me sentido angustiada e pensativa, ou seja, tenho refletido diariamente sobre os problemas de comportamento surgidos na escola, e mais ainda, sobre as práticas metodológicas das turmas de alfabetização.
Portanto, tenho sido uma professora reflexiva, pois, tenho pensado em estratégias e ações construtivas que possam ajudar a resolver as situações de conflitos e as dificuldades no processo de alfabetização.
Não tenho uma turma, mas devido a falta de professores tenho entrado em quase todas as turmas para ajudar. Tenho observado algumas necessidades e tenho passado para a coordenação, sugerindo possibilidades e estratégias para que se pense e reestruture ações pertinentes diante das reflexões. Porém, percebo que os setores de coordenação e supervisão passam a maior parte do tempo resolvendo estes conflitos, o que ocasiona uma falta de olhar ao processo de aprendizagem.
Outra situação, é resistência de muitos professores em mudar, recriar, reinventar, inovar, experimentar e se permitir...refletir.
Por isso, concordo plenamente com a autora, quando diz:
- É possível ser-se reflexivo?
- É desejável ser-se reflexivo?
- Para onde vamos com a nossa reflexão?
É possível, mas difícil. Difícil pela falta de tradição. Difícil eventualmente pela falta de condições. Difícil pela exigência do processo de reflexão. Difícil sobretudo pela falta de vontade de mudar.
Pois, é também um processo que requer paciência, onde os resultados não são visíveis a curto prazo. Como diz Paulo Freire (1972). "a formação é um fazer permanente (...) que se refaz constantemente na ação. Para se ser, tem de se estar sendo".
E eu, tenho sido uma professora reflexiva.
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