Falando em infâncias...
Realizando uma pesquisa que fosse de encontro ao que estamos estudando
sobre "as infâncias", me deparei com o site Promenino e com a reportagem
"As infâncias que nos rodeiam".
A infância é invisível ao universo adulto. Esta foi uma das descobertas
que mais surpreenderam Gabriela Romeu, jornalista especializada em produção
cultural para a infância, idealizadora do projeto Infância, e sua sócia, a
jornalista Marlene Peret. A iniciativa se dedica a registrar e documentar o
cotidiano e o imaginário das crianças brasileiras - as urbanas, as ribeirinhas,
as quilombolas, as indígenas, entre outras. "A ideia é sensibilizar os
adultos sobre as infâncias que os rodeiam e sublinhar que crianças têm muitos
saberes", expõe Gabriela.
O epicentro do trabalho são os quintais, já definidos pela jornalista
como "uma grande escola dos meninos e meninas do Brasil",
representados pelo espaço atrás da casa, pela rua, pelo rio, pela floresta ou
pelo próprio vilarejo. Como ela descreveu, estes são ambientes de
"descobertas, conflitos, invencionices", onde as crianças "
exercitam seus jeitos de perceber, sentir e reagir aos outros e ao mundo".
Na opinião da jornalista, a
criança tem a mesma força criadora e transformadora em todos os lugares.
"A todo momento reinventam seu cotidiano e dão soluções incríveis para
coisas que talvez nós não soubéssemos resolver". Ela cita um pensamento do
educador Paulo Freire, adaptado pela antropóloga Clarice Cohn, segundo o qual
as crianças não sabem nem mais nem menos, elas sabem diferente.
"O Infâncias é uma viagem
aos quintais do Brasil, dificilmente visitamos escolas", destaca a
pesquisadora. "É bastante diferente a relação com a criança em seu quintal
daquele no espaço escolar, com todas as regras e opressões".
Após realizar a leitura, comecei a refletir e comparar essas realidades
apresentadas na reportagem com a realidade com que nos deparamos diariamente
dentro das nossas escolas, e então fiquei me questionando: Por que as crianças
que temos dentro das nossas escolas não brincam em seus pátios, como descreveu
a pesquisadora, usufruindo destes ambientes de descobertas, conflitos e
invencionices? Por que essas crianças não respeitam o espaço escolar, apresentando
dificuldade em respeitar as regras? Por que essas crianças resolvem seus conflito
através da violência ao invés do diálogo? Por que essas crianças estão cada vez
mais agindo e reagindo como adultos? Por que há tanta diferença de
comportamento entre as crianças das diferentes regiões?
Muitos são os questionamentos, muitas são as dúvidas, muitos são os
anseios, mas, uma coisa é certa, as crianças são o reflexo do meio em que
vivem, são resultado da sua realidade cultural, social e econômica. Porém, até
que ponto esta exposição à esses diferentes "saberes" ou diferentes
"vivências" estão contribuindo para a formação deste futuro cidadão?
Fonte:http://www.promenino.org.br/noticias/reportagens/as-infancias-que-nos-rodeiam