Após algumas leituras e da aula presencial de Filosofia da Educação, onde foi proposta uma reflexão acerca do texto "Formação e atuação dos professores: dos seus fundamentos éticos", do autor Antônio Joaquim Severino, pude pensar e repensar sobre as práticas da eticidade dentro do espaço escolar. Digo isso, devido algumas situações ocorridas na minha escola e que necessitaram de práticas interventivas, mas que infelizmente, de acordo com minha reflexão e opinião, atingiram a identidade e a dignidade dos alunos enquanto "sujeitos" que estão em pleno processo de formação.
Faço uso das frases do texto para justificar minha reflexão, por concordar com a autora quando diz:"a educação é uma modalidade de atuação intrinsecamente relacionada à existência do outro, é uma prática, que pressupõe uma intervenção sistemática na condição do outro, onde a ação do educador, à prática educativa, demanda todo um fundamentado cuidado ético. Não se desenvolve essa sensibilidade ética só por imitação, osmose ou transversalidade, mas, por mediações pedagógicas que demandam ações qualificadas que pressupõem e envolvam necessariamente o exercício de reflexão sistemática. Onde, o que está em pauta é um processo de formação que jamais se reduz ao processo de instrução".
Alguns professores parecem esquecer que "a educação não é apenas um processo institucional e instrucional, seu lado mais visível, mas fundamentalmente um investimento formativo do humano, onde a interação docente é mediação universal e insubstituível dessa formação".
Portanto, para auxiliar na reflexão sobre os tipos de relação presentes na vida dos alunos que podem disparar episódios de conflitos e, assim, comprometer o ambiente respeitoso e construtivo que almejamos, compartilho a matéria sobre convivência ética da revista digital nova escola.
Os tipos de relação que prejudicam a convivência na escola
A equipe escolar deve sempre estar atenta para inspirar nos alunos condutas éticas e respeitosas.
Quanto mais estudamos sobre a convivência ética mais nos deparamos com desafios para torná-la uma realidade! Apesar disso, a oportunidade de estarmos na escola enquanto nos aprofundamos nos estudos nos permite reconhecer na instituição os aspectos sobre os quais podemos intervir.
Em um encontro recente para discutir a questão da indisciplina, realizado com as equipes das escolas nas quais estamos implantando o plano de convivência, o professor Joe Garcia, da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), levantou a reflexão sobre os tipos de relação presentes na vida dos alunos que podem disparar episódios de conflitos e, assim, comprometer o ambiente respeitoso e construtivo que almejamos.
Os problemas de convivência estão fortemente relacionados a uma tríade composta por: relações depreciativas, relações inconsistentes e relações coercitivas. Embora elas estejam frequentemente presentes na vida familiar de nossos alunos, é nosso dever pensar sobre o tema no âmbito escolar. Então, vamos a elas:
As depreciativas dizem respeito à maneira como os alunos tratam e são tratados pelas pessoas com quem convivem. Costumamos perceber isso pelo uso regular e banalizado que os estudantes fazem de expressões grosseiras e desrespeitosas. É importante estarmos atentos, no entanto, para o fato de que esse tipo de relação também se dá entre os estudantes e os adultos da escola, justamente aqueles que devem inspirar condutas éticas e respeitosas. Com frequência vemos os adultos/as autoridades protagonizando episódios em que expressam desdém e rebaixamento.
Já as inconsistentes demonstram a incoerência entre discurso e prática, ou seja, a divergência de postura dos diferentes agentes da escola. Os alunos são altamente sensíveis a isso e reconhecem nas incoerências a oportunidade para transgredirem, desrespeitarem e, até mesmo, boicotarem o trabalho da instituição. Sabemos que não há uniformidade total entre ideias, mas os princípios do trabalho formativo – respeito, justiça, cooperação etc. – devem nortear as condutas porque são eles que vão minimizar o contraste trazido por essas relações.
Por fim, as coercitivas são aquelas pautadas pela imposição. Essa relação pode ser identificada entre um adulto e um aluno ou entre pares e inclui tanto ameaças de punição, como propostas de recompensas – de maneira que sempre se faz uso de reguladores externos para controlar a situação. É comum, portanto, expressões como: “Se você fizer (ou não fizer)…”, “Quando você parar…”, “Já falei, pare de …”, “Faça…”, “Entregue…” etc.
Torna-se necessário, então, reconhecer o distanciamento que cada uma dessas relações provoca no trabalho voltado para a construção da autonomia. Afinal, nelas estão presentes mecanismos que impedem o aluno de refletir e tomar consciência daquilo que é preciso na manutenção da convivência respeitosa e justa. Ao mesmo tempo, elas impulsionam posturas movidas por questões individuais, como atitudes de defesa ou ataque ou impulsionadas por interesse, quando se tem um ganho ou para escapar de uma punição. Outra consequência é a não conservação dos valores necessários à convivência e que se adequem aos diferentes espaços.
O que vocês podem estar pensando agora é que “tudo isso é muito óbvio!”. Sim, é óbvio que tais relações não nos auxiliam em nosso objetivo maior de formação e desenvolvimento do ser humano. Mas nem tudo o que é óbvio é fácil de ser colocado em prática. Está aqui o nosso desafio.
Fonte:
https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2192199/mod_resource/content/1/texto%20forma%C3%A7%C3%A3o%20e%20atua%C3%A7%C3%A3o%20dos%20professores.pdf
https://gestaoescolar.org.br/conteudo/1024/os-tipos-de-relacao-que-prejudicam-a-convivencia-na-escola?utm_source=tag_gestaoescolar&utm_medium=facebook&utm_campaign=site&utm_content=link